Razões Poéticas

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

VICENTE, Gil, 1465?-1537 - COPILAÇAM 1562

[Copilacam de todalas obras de Gil Vicente, a qual se reparte em cinco liuros. O primeyro he de todas suas cousas de deuaçam. O segundo as comedias. O terceyro as tragicomedias. No quarto as farsas. No quinto as obras meudas. - Lixboa : em casa de Ioam Aluarez, 1562]. - CCXLIX f. : il. ; 2º (28 cm)

TROVA Vicente [1525?]

De Gil Vicente ao conde do Vimioso, a quem o el rei remeteu sobre um despacho seu. Foi isto em tempo de peste e o primeiro rebate dele deu por sua casa e andava então na corte um Gonçalo d'Ayola castelhano muito falador e medrava muito.


Senhor, a longa esperança
mui curto prazer ordena
minha vida está em balança
e a muita confiança
nunca causou pouca pena.
isto digo
polo que passo comigo
polo tempo que se passa
vejo minha morte em casa
e minha casa em perigo

certo é nobre senhor
que quis Deos ou a fortuna
que quem serve com amor
quanto maior servidor
tanto menos importuna.
daqui vem
que quem nam pede nam tem
e quem espera padece
e quem nam parece esquece
porque nam lembra a ninguém

muito debaixo da sola
trouxera quanto desejo
s'eu aprendera na escola
onde Gonçalo d'Ayola
aprendeu tanto despejo.
que o sesudo
deste tempo fala tudo
quer vá torto quer dereito
e tornando a meu respeito
pera mi sempre fui mudo

agora trago entre os dedos
ua farsa mui fermosa
chamo-a a caça dos segredos
de que ficareis mui ledos
e minha dita ouciosa.
que o medrar
se estevera em trabalhar
ou valera o merecer
eu tivera que comer
e que dar e que deixar

porém por cima de tudo
o meu despacho queria
porque minha fantesia
ocupa o mais do estudo
todo em vossa senhoria.
e o cuidado
quando anda assi ocupado
cuida muito e nam faz nada
a vontade acho dobrada
mas o spirito cansado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

INSCRIÇÕES ABERTAS

TEATRO - ARTE DA COMPOSIÇÃO 
ateliê de formação e criação teatral

coordenado por Sílvia Brito, actriz e encenadora. 

Destinado a pessoas interessadas na prática do teatro, música e dança, este ateliê propõe-se desenvolver um trabalho de formação e experimentação reunindo valências dessas três expressões artísticas.

A decorrer entre Janeiro e Abril de 2011.

Sessões de três horas, duas vezes por semana, prevendo-se um total de 100 horas.

Destinado a pessoas a partir dos 16 anos.

Os interessados deverão inscrever-se, por email, entre 1 e 30 de Dezembro.

Inscrições limitadas.

Horário (a confirmar)
2ª e 5ª feira, das 20.30h às 23.30h.
Local:
Conservatório de Música de Coimbra
Preço:
100€ - mês
Inscrições e informações

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SÍLVIA BRITO
actriz, encenadora

Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa.
Iniciou a actividade teatral em 1985 no Cénico de Direito, em Lisboa, tendo sido distinguida com o Prémio de Melhor Interpretação na 1ª Mostra de Artes e Ideias.
Entre 1988 e 1990 trabalhou na área da produção teatral na Associação Pró Tea, dirigida por Carlos Wallenstein, José Wallenstein e Mário Carneiro.
Entre 1990 e 1992 integrou o elenco do Teatro Nacional D. Maria II tendo participado em espectáculos de Ricardo Pais e Filipe LaFéria.
Em 1992 integrou a companhia A Escola da Noite, sediada em Coimbra. Aqui, desenvolveu trabalho nas áreas da actuação, formação e encenação, entre outras. Fez parte da direcção da companhia entre 1998 e 2010.

Enquanto actriz trabalhou com os encenadores Rogério de Carvalho, António Augusto Barros, Ricardo Pais, Nuno Carinhas, Konrad Zschiedrich, José Abreu Fonseca, José Caldas, Pierre Voltz, António Jorge, Sofia Lobo e Rui Madeira, entre outros, tendo integrado os elencos da maior parte das produções d'A Escola da Noite.

Além do Infinito, de Abel neves, 
coord. artística de António Augusto Barros, Ana Rosa Assunção, António Jorge e Sílvia Brito, 
A Escola da Noite, 2004, foto de Augusto Baptista

Como encenadora dirigiu, entre outros espectáculos, “Farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente (1994), “Bonhard”, a partir de Thomas Bernhard (com António Augusto Barros , 1994), “Jacques e o seu Amo”, de Milan Kundera (1997), “Além as estrelas são a nossa casa”, de Abel Neves (com António Augusto Barros, 2000), “Almocreves e outras cousas que em Coimbra se fizeram em 1527…”, de Gil Vicente (2003), "Dois perdidos numa noite suja", de Plínio Marcos (2004), "Profundo", de José Ignacio Cabrujas (2005), "TNT — Tumulto No Teatro", a partir de textos de Raul Brandão (2008) e "Este Oeste Éden", de Abel Neves (2009).

TNT - Tumulto no Teatro, textos de Raul Brandão, encenação de Sílvia Brito, 
A Escola da Noite, 2008, foto de Augusto Baptista

Ainda no seio d'A Escola da Noite, dirigiu (com António Augusto Barros e António Jorge) o trabalho de formação-preparação do elenco permanente entre 1998 e 2010 e acções de formação para grupos de teatro universitário, grupos de teatro de amadores, jovens actores (nomeadamente no III Estágio Internacional de Actores da Cena Lusófona) e, ainda, para os alunos da Licenciatura de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Elaborou trabalho de dramaturgia em espectáculos seus e de outros encenadores (nomeadamente António Augusto Barros, António Jorge e Pierre Voltz).
Realizou a tradução de textos dramáticos e teóricos.
Dirigiu leituras encenadas e exercícios-espectáculo.
Elaborou conteúdos e coordenou as edições de programas de espectáculos.
Em 2002 integrou a Cena Lusófona - Associação para o Intercâmbio Teatral onde desempenhou cargos de Direcção e desenvolveu, entre outros, o projecto 'Base de Dados da Dramaturgia em Língua Portuguesa' do Centro de Documentação dessa instituição.

contacto
artemestudio.fca@gmail.com